que ficam em nada, reduzidos à nanoparte de um átomo.
É evidente que os filhos têm que crescer, e ganhar asas mas para uma mãe é tão angustiante...
O J. foi para o 5º ano.
Mudou para uma escola grande. Muitos miúdos, salas e disciplinas, e professores e horários e livros e turma.
E o puto até que se tem aguentado.
Mas hoje.... Hoje o J. chorava no chuveiro, agarrado ao toalheiro.
Eu: "Que foi coração?"
J: "Tenho saudades da bibó"
E eu acalmeio-o e coloquei a foto da bibó na casa de banho para ele falar com ela.
Mas sabia que a dor era outra.
O J. (puto esperto e sensível) após o banho veio ter comigo à cozinha, e disse-me: "tou sempre sozinho mãmã, os outros meninos vão procurar as salas, ou estão com outros meninos, mas eu gosto de ir ao campo de futebol. O intervalo é para brincar, não é??. E fico sozinho, ninguém quer vir comigo. Às vezes vou dar uma volta para conhecer a escola. Sozinho."
E enquanto dizia isto segurava as lágrimas e o lábio tremia.
"E na sala mamã, sentei-me na fila da sempre, mas não está ninguém ao meu lado, porque as mesas são para um."
E o J. chorou.
E eu animei-o e expliquei que é a primeira semana, que nem todos são tão aventureiros como ele, que os lugares na sala agora são assim, que provavelmente para a semana, os seus colegas também já irão ver o futebol ou dar uma volta pela escola.
E passou.
O J. animou-se e cozinhou comigo o jantar.
Eu?
Eu abracei-o e cobri-o de beijos e xis até ele se enjoar de mim.
E a minha vontade era dizer-lhe.... sei lá ... a minha vontade era dizer à vida para abrandar, e me dar a varinha de condão que os protege de todas as dores.
Eu sei que não é assim. São etapas, crescer, dói, e antes ....
Mas quero lá saber de todas as explicações, mesmo das que encontro dentro de mim, e me fazem dizer todas as palavras optimistas.
Eu quero saber, porque me dilacera, é da dor do meu J. que chora no banho agarrado ao toalheiro, e que sozinho precisa do intervalo para brincar, e tem a coragem de sozinho, se aventurar numa escola que conhece há três dias.
És mesmo um puto do caraças! E eu sou mãe, e a tua dor, sentir que algo te dói no peito, é a minha maior dor, maior do que qualquer uma (e olha que tenho um doutoramento do cara...) que seja apenas em mim.
Bem que a minha mãe me avisou. A dor de um filho dói tanto...............