Por vezes dou por mim a pensar na minha vida (só por vezes, porque se forem muitas vezes enlouqueço) e a única palavra que me sai: Foda-se!
Foda-se mil e uma vezes. E mais mil ainda.
É certo que tenho uma óptima profissão, a que escolhi, a que me satisfaz, mas.....
Tenho horários doidos, acordo às 7 da manhã, num dia bom, deito-me às 2 da manhã.
320 Km por dia, porque quero ver os meus filhos todos os dias, mesmo que os veja por pouco tempo, que seja pouco mais que acordá-los, tomar o pequeno almoço, levá-los à minha mãe, ir buscá-los às 21H, conversar um pouquinho, preparar as coisas para o dia seguinte, e dormir no meio deles.
É pouco, mas para mim é muito.
Os dias são a correr. As noites são mal dormidas. Os fins-de-semana curtos.
Com a merda deste governo, o dinheiro é cada vez mais curto, e não estou a falar de dinheiro para jantar fora, estou a falar do dinheiro para chegar ao fim do mês, pagar as contas.
E nesta vida que acontece, o que mais me surpreende, é que nada me surpreende.
No trabalho a única coisa que me surpreende, é a merda de uma plataforma que nunca funciona.
Nos meus dias...... nada.
Tento me surpreender com pequenas coisas, raios de sol depois de tanta chuva, magnólias que floriram, as minhas japoneiras em flôr.
Os meus filhos surpreendem-me muito, sobretudo no amor que sentem por mim, e a forma como se adapatam ao nosso estilo de vida, aos meus horários, e me presenteiam com beijos e xis apertados e postais do dia dos namorados com a nossa frase para dizer que se ama.
Mas falta-me quem me surpreenda.
Alguém que diga algo surpreendente, algo de verdadeiramente amazing, que nos tire o fôlego, que nos deixe a pensar, naquela ideia, naquela frase, naquela linha de pensamento, numa teoria. Algo.
Algo que nos tire o chão, que me faça pensar.
E não estou a falar no sentido emocional ou afectivo.
Estou a falar mesmo em intelectual, emotivo, ideal, cultural, algo que acabe com este marasmo.
Mas nada acontece...........
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