um dia perdi-me. Num dia de 2007, não me lembro qual, mas após Setembro, altura em que me mudei para Alfama.
Tinha vindo do Chiado, passei no Martim Moniz (zona de má fama, mas com óptimas lojas orientais) e já não sabia o caminho para casa.
Quer dizer, sabia, mas não me apetecia ir até ao Tejo ou à Sé para me encontrar novamente (isso de cartas hidrográficas e Deus na altura parecia-me informação a mais).
Perguntei a um senhor de idade, sentado num banco, afinal onde é que eu estava.
Claro que primeiro me disse: "a menina é do Porto não é?" Ao que respondi: " o sotaque não engana."
"A menina está na Rua do Capelão."
Nem queria acreditar.
Tinha-me perdido e encontrado naquela rua, na rua do fado que ouvi vezes sem conta, na rua do filme da Amália, na rua do fado que ouvia em casa dos meus avós, essa, onde agora já não se ouvia fado, só gemidos silencioso.
Perguntou-me: "afinal para onde quer ir?"
Respondi: " para a rua da suadade."
Respondeu: "triste sina a sua."
Eu disse: "é verdade. perco-me na rua do capelão. moro na rua da saudade, e o fado da sina pela Cidália Moreira foi o que mais ouvi na aparelhagem do meu avô."
Olhou-me e nada disse. Sorriu, com olhos tristes.
Decidi não ir para casa, fui para o Museu do Fado.
E chorei, sozinha, num daqueles corredores de luz e fado: "reza-te a sina nas linhas traçadas na palma da mão."
Pois reza, ainda hoje ouço murmurar....
Rua Do Capelão
ResponderEliminar"Oh Rua do Capelão
Juncada de rosmaninho;
Se o meu amor vier cedinho
Eu beijo as pedras do chão
Que ele pisar no caminho
Tenho o destino marcado
Desde a hora em que te vi
Oh meu cigano adorado
Viver abraçada ao fado
Morrer abraçada a ti."
O teu amor chegará assim que tu quiseres receber.
Basta tu o chamares que ele corre direito a ti.
E sei que, por vontade dele, passava a vida abraçado a ti.
Caro anónimo, obrigada por transcrever a letra do fado, mas sei-a de cor desde os meus 15 anos. Quanto ao amor, obrigada pelas suas palavras, mas estou um bocado afónica e vai daí que não me apetece chamar ninguém. Quanto a abraços diz que ha por aíuma almofada em jeito de ovelha choné muito jeitosinha. Eu fico-me por aki, ciente de quem sou e do que quero, alone again naturally!
ResponderEliminarPara a afonia, um chazinho ajudava.
EliminarPara o chamares existem varias maneiras, não tem que ser necessariamente pela fala. Ás vezes um acto vale mais do que mil palavras.
E de certeza que ele também está ciente de quem és e do que queres, e mantém a esperança de entrarem de novo na vossa "orbita" da felicidade.
Anónimo insistente, mas que de anónimo tem pouco.
ResponderEliminarQuanto à afonia eu sei que com chá lá iria, mas a questão é não querer gastar a voz. A sério. Não vale a pena. E quanto a actos, bem, o levantamento, "solamente" do dedo do meio, em jeito de " vai xatear o c%$#"/()" não obstante me perecer apropriado, é capaz de ser informação a mais, e, incompreensível para mentes que zurram. Assim. e porque reconheço o tempo dispensado, obrigada, mas não obrigada.
Sinceramente: a autora.